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CONTOS PARAENSES
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rescendentes maior escuridão communicava á parte do jardim onde haviamos feito pazes, após o intemerato roubo de um beijo colhido nos rubros labios mádidos da minha pequenina amante fascinadora.

Um silencio embaraçador enleiava-nos em tíbia indecisão. A loira cabecinha d’ella descansava indolente no meu hombro, com os lindos anneis undiflavando-se-lhe tranquillos, concentrados, ao longo das correctissimas espaduas.

E uma tentação chegou-me a súbitas, sob a latada que abrigava-nos com seus rescendentes jasmineiros floridos, entre o silencio enleiando-nos embaraçadoramente em tíbia indecisão.

Já tinha-se curvado a minha fronte para a loira cabecinha a descançar-me no hombro, indolente e concentrada, e um desejo de intemerata relapsia assaltava-me poderoso, induzindo-me a colher novo beijo, — um fugitivo beijo pequenino e casto, — nos humidos labios da minha gentil e tentadora amante.

Ella, porém, de salto ergueu-se, vibrante e nervosa, rapida e precavida. Uma das mãos subiu-lhe célere á altura da cabeça, ameaçadoramente. Bateu o pésinho, n’uma expansão de enfado incipiente....

— Se reincidir, não perdôo mais! — exclamou, avisando-me, com a voz ainda repassada de toda a indolente volúpia de pouco antes e fugiu-me das mãos extendidas