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O Tetranacional


Esta história foi contada inúmeras vezes. E tudo sempre começa por conta do meu nome. O resumo abaixo foi um momento de inspiração. Não tem o intuito de ser um documento histórico, apenas de relatar os primeiros anos da minha vida de forma simples e direta.

Espero que seja do agrado de todos.

Este é o relato da minha vida e do porquê ela ser do jeito que é. Meu nome é Anahuac de Paula Gil. Sim, acredite, Anahuac mesmo. Nomezinho meio ridículo e estranho. Nome de índio, nome de pardo mexicano. Alguém duvida do quanto já fui caçoado e apontado, especialmente pelas crianças, só por ter um nome diferente? Seria simples se fosse apenas o fruto da imaginação distorcida de uma mãe amorosa. Mas o fundo deste poço é muito, mas muito mais embaixo.

Revoluções e golpes de estado. No plural? Sim, em minha vida foram pelo menos três. Mas comecemos do início. Idos dos anos cinquenta. Um jovem advogado, filho de abastado dono de terras em Pernambuco, decidia dedicar sua vida na defesa dos mais indefesos seres da estrutura econômica capitalista: os trabalhadores rurais.

Não é necessário dizer que os conflitos por diferenças ideológicas começaram em casa, pois o pai do jovem Francisco Julião era latifundiário, e este tinha entendido que o socialismo – e por que não o comunismo? – era a via mais acertada de reconhecer que o bem comum deve prevalecer sobre o bem individual. A primeira tentativa foi a de dividir suas próprias terras!

Este é o meu avô paterno. Fundador das Ligas Camponesas, deputado pelo PSB e responsável por uma das maiores fissuras sociopolíticas da Era Moderna deste país: ensinou ao trabalhador do campo a ler e fazer valer os seus direitos trabalhistas.

Sob a acusação de baderneiro, vagabundo e comunista, as ameaças à sua integridade física eram uma constante. Já em 1962, como Deputado Federal, prevendo que o clima político

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