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Com a junção de computadores cada vez menores processando milhares de informações em cada vez menos tempo, e uma rede que une esses computadores todos ao redor do mundo, a criptografia tornou-se ainda mais importante. Não estamos mais falando apenas de situações raras ou estratégicas como, por exemplo, a proteção de trocas de bilhetes entre Imperadores e amantes no Império Romano, nem mesmo na cifragem de informações estratégicas de localização para ataques e defesas produzidas nos então rudimentares computadores da II Guerra Mundial. Agora são quase todas as informações da vida de uma pessoa que cruzam computadores potentes levados por nós a (quase) todos os lugares, que podem ser vistas por muita gente em qualquer canto do mundo a partir de outros computadores. São dados que, processados juntos com outras milhares de informações centralizadas em poucas empresas, extraem o suco da vida de alguém para então, de forma cada vez mais frequente, moldar nossos comportamentos a partir do endereçamento preciso de informação via plataformas digitais como Facebook, Google, Instagram ou Twitter.

Os textos presentes nestes Manifestos Cypherpunks são alguns dos primeiros alertas contra a vigilância massiva na era da internet. Foram escritos na época em que a rede mundial dos computadores ainda engatinhava, entre o final dos anos 1980 até meados dos 1990, por pessoas que conheciam a fundo alguns aspectos dos aparatos técnicos que faziam funcionar a rede e queriam nos fazer ficar atentos a eles. “Uma vez que uma infraestrutura de comunicações otimizada para a vigilância se torna arraigada, uma mudança nas condições políticas podem levar ao abuso desse poder recém-descoberto”, escreveu em 1991 Philip R. Zimmermann, cientista da computação formado na Flórida que, na mesma ocasião, criou o PGP (Pretty Good Privacy), um programa de computador que utiliza criptografia assimétrica para proteger a privacidade do e-mail e dos arquivos armazenados no computador do usuário, software que é a base de muitos programas de criptografia ainda hoje.


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