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o início do governo Bush[1]. O ponto central dessa iniciativa era um dispositivo de criptografia criado pelo governo, chamado de chip Clipper, contendo um novo algoritmo de criptografia secreto da NSA. O governo tentou incentivar a indústria privada a utilizá-lo em todos os seus produtos de comunicação segura, como telefones seguros, faxes seguros e assim por diante. A AT&T colocou o Clipper em seus produtos de voz seguros. A pegadinha: no momento da fabricação, cada chip Clipper é carregado com sua própria chave única, e o governo consegue manter uma cópia, colocada em custódia. Mas não se preocupe, o governo promete que usará essas chaves para ler seu tráfego apenas “quando devidamente autorizado por lei”. Claro, para tornar o Clipper completamente eficaz, o próximo passo lógico seria proibir outras formas de criptografia.

O governo inicialmente alegou que o uso do Clipper seria voluntário, que ninguém seria forçado a usá-lo em vez de outros tipos de criptografia. Mas a reação pública contra o chip Clipper foi forte, mais forte do que o governo previa. À indústria de computadores monoliticamente proclamou sua oposição ao uso do Clipper. O diretor do FBI, Louis Freeh, respondeu a uma pergunta em uma conferência de imprensa em 1994 dizendo que, se Clipper não conseguisse apoio público, e grampos do FBI fossem excluídos por criptografia não controlada pelo governo, seu escritório não teria outra escolha senão buscar ajuda legislativa. Mais tarde, no rescaldo da tragédia de Oklahoma City[2], o Sr. Freeh testemunhou perante o Comitê Judiciário do Senado que a disponibilidade pública de criptografia forte deveria ser limitada pelo governo (embora ninguém tenha sugerido que a criptografia tenha sido usada pelos responsáveis pelo bombardeio).

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  1. Nota da edição: George H. W. Bush político, diplomata e empresário americano que foi presidente dos Estados Unidos de 1989 a 1993.
  2. Nota da edição: Explosão do Edifício Federal Alfred P. Murrah, no centro de Oklahoma City, Oklahoma, Estados Unidos, em 19 de abril de 1995, que matou pelo menos 168 pessoas e feriu mais de 680.