Página:Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto v01.djvu/103

Wikisource, a biblioteca livre

dos cativos que levava, que aventurar a vida d′aJguns da companhia por levar mais hum cativo. Tornado ao navio, e eílando já pêra fe partir ao feguinte dia, chegou outro navio do Reyno, em que vinha por Capitão hum cavalleiro da caía do!nfante chamado Nuno Triftao, que dle creára na fua camará de moço pequeno, e era aíli ardido, e tanto de ília peíToa, que o mandava o!nfante, que lhe paíTaíTe a ponta da pedra da Galé, e trabalhaíTe por lhe haver alguma lingua da terra. O qual fabendo o feito de Antão Gonçalves, e movido de huma virtuofa inveja, trabalhou tanto com elle, que eíTa noite foíTem ambos em bufca dos Mouros que acharam, que concedeo Antão Gonçalves em leu requerimento, partindo logo tanto que anoiteceo, em cuja companhia hiam Diogo de Valladares, que depois foi Alcaide mór da Villa-Frarica, e Gonçalo de Cintra, cujo esforço fc verá neíla conquifta. E foi tal fua boa ventura, que foram dar com os Mouros, onde jaziam recolhidos. ora foíTem os que Antão Gonçalves achou, ou quaeiquer outros: chegando aos quaes começaram \ com grande grita dizer: Portugal, Portugal Sant-lago. Quando aquella barbara gente ouvio vozes não coftumadas, como coufa tão nova, e efpantofa a eiles, bem puderam to- mar