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DA FRANÇA AO JAPÃO

o vento soprava com violência e era acompanhado do chuviscos. O Sr. Fleuriais conheceo então, o que convinha fazer; as theorias do grande Maury forão observadas; o nosso fim era desviarmo-nos do centro da actividade do tufão. A marcha do cyclone era no sentido inverso a do Ava ficavamos na sua trajectoria e era impossível desviar tanto quanto deveriamos; os arrecifes da costa impedião ao Ava de manobrar livremente. Esperamos pois, resignados a tormenta que se approximava rapidamente se annunciando com violencia inaudita.

Ás quatro horas estavamos no circulo de acção da borrasca giratoria, as rajadas de vento ameaçavão tudo demolir, o Ava mergulhava nas altaneiras ondas para elevar-se bruscamente, estorcendo-se como o agonisante na hora fatal.

Ás cinco horas, ouvimos o estrepito produzido por uma vaga que invadindo a coberta, arrombou as portas de descida para o salão e ameaçava inundar o navio. Perdemos a esperança vendo que novas vagas sobrepujavão em altura ao navio e que um outro embate tão vigoroso, faria sossobrar o Ava.

Felizmente, a machina estava enxuta e o leme ainda governava dando direcção conveniente ao navio, de modo que o hábil commandante, entre o perigo de approximar-se da costa e o da violência das vagas, poude determinar uma direcção que sem entregal-o a mercê das vagas não o conduzisse fatalmente sobre os arrecifes da costa.

Diminuiu-se a marcha, contemporisamos com o cyclone e no fim de quatorze horas de enjôo e de perigo, durante os quaes, andamos sobre as vagas em vertiginosos movimentos, o vento amainou, o véo de nuvens rasgou-se como por encanto e o Sol dardejando seus raios sobre os vertices espumantes das vagas ainda enfurecidas, fazia brilhar como preciosas pedras os pingos d’agua que erão lançados no espaço.

No dia seguinte aportamos em Hong-Kong e o lançava ancora perto do Tanaís que era o navio destinado a nos conduzir ao Japão.