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DA FRANÇA AO JAPÃO
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Primeiramente, nenhuma indisposição nutrião os amaveis japonezes contra os estrangeiros, e superior a tudo, muito contribuirão as santas doutrinas do martyr do Golgotha. Infelizmente, nem todos os missionarios comprehenderão a santa missão, à que voluntariamente se obrigarão, e as queixas repetidas e as difficuldades que elles oppunhão á marcha dos negocios publicos no Japão, decidirão o governo a lançar mão de todos os meios para banir os estrangeiros do sólo japonez, o que elle levou a effeito, fechando durante dous seculos, todos os portos do imperio aos europeus, com excepção dos hollandezes, porém, que aceitarão certas e determinadas condições bastante humilhantes e restrictivas.

Porém, para bem comprehender-se, como a successão de factos deu em resultado uma medida tão extraordinaria, unico exemplo que nos apresenta a historia das nações, traçaremos ao correr da penna, aquelles que mais contribuirão para o isolamento do Japão.

Os primeiros propagadores do chistianismo no Oriente não podião ser mais felizes em sua missão, e tal era o numero de convertidos que fizerão em alguns mezes, que elles attribuião á um soccorro sobrenatural, a rapidez com que se convertião cidades inteiras, desde o principe até ao mais humilde homem do povo. Assim devia ser: as verdades do christianismo não deixarião de influir sobre um povo intelligente e nobre, que assistia muitas vezes a victoria ganha pelos primeiros missionarios, em estiradas discussões theologicas com os bonzos do Japão, que vivendo desregradamente não podião exemplificar as doutrinas que ensinavão.

Avidos por saber, admiradores das intelligencias cultivadas, já, m’aquellas epochas, o povo corria a assistir á estas discussões, provocadas pelos bonzos sobre um mysterio ou dogma da religião christã. Os missionarios que aprendião com extrema facilidade a fallar a lingua japoneza, aceitavão os desafios, e da arena sahião victoriados pelo povo, que pedia-lhes em altos brados o baptismo, declarando quererem professar uma religião,