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DA FRANÇA AO JAPÃO

cujas verdades não se impõe, porém se demonstra com evi- dencia.

Tal era o systema da cathechese no Japão, emquanto alli esteve o Padre Francisco Xavier, que levantando com seus virtuosos exemplos e sua illustração, os alicerces de um dos mais bellos edifícios da fé, mal sabia que outros seus successores, sem recursos intellectuaes, nem dispondo de uma alma bem formada, virião, alguns annos depois, dar ganho de causa aos bonzos, que moralmente fortes, pedirão aos governadores a expulsão dos padres, e a interdição dos livros sagrados no território japonez.

Outros factos, vierão comprometter a causa dos Europeus, tão intimamente ligada á da religião christã.

Além de abusivas praticas dos negociantes portuguezes, quando desembarcavão em alguns portos pouco frequentados, impondo por preços elevadissimos as mesmas fazendas que em Nangasaki vendião pela decima parte, forão estes mercadores muitas vezes intrigados pelos hespanhoes que traficavão sob a capa dos portuguezes, e por isso mesmo, com menos escrupulo do que se fizessem abertamente. Não forão, comtudo, estes os que mais concorrerão para que os japonezes lançassem mão de medidas repressivas e energicas para se verem livres das visitas numerosas de navios de diversas nações, que ião carregados de fazendas, e voltavão com immensas riquezas, adquiridas pelos negociantes estrangeiros com usura e facil trabalho.

A inveja causada pela preferencia que os grandes potentados japonezes davão aos portuguezes, foi a cansa da ruina de um commercio que, como dizia um chronista da epocha, «se durasse mais alguns annos, faria de Macão a primeira cidade do Oriente.»

Tal era a importância do commercio portuguez que, em um só anno, os seus navios transportarão de Nagasaki á Macáo, duas mil tresentas e cincoenta caixas de prata, representando um valor de mil contos de réis. Em 1636, conta a chronica hollandeza sobre o commercio do Japão, que dous navios por-