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DA FRANÇA AO JAPÃO

Nem as perseguições, a fome, o frio e mil contrariedades desalentarão ao padre Xavier, que confiando na justiça da causa por que combatia, depois de vencer mil obstaculos, chegou a Miako certo de ahi arvorar o Estandarte da Cruz; porém, o paiz achava se nas garras de uma feroz guerra civil, sustentada entre os dous Imperadores do Japão, o Mikado e o Taikúno. Resolveo pois voltar á Firato persuadido de que sua presença em Miako seria de nenhuma vantagem á sua missão.

Na volta, o padre Xavier tornou a passar pela cidade de Amangouchi, e graças a alguns presentes, consistindo cm objectos desconhecidos no paiz, que elle offereceo ao rei da provincia deste nome, a quem também forão entregues cartas officiaes do Rei das Indias e do Bispo de Gôa, nas quaes o padre Xavier era apresentado como homem de grandes virtudes e de posição consideravel entre os portuguezes, elle encontrou a mais cordial hospitalidade nesta cidade, ao contrario do que se vio na sua primeira visita. E quando em uma occasião que o rei de Amangouchi offereceo ao santo varão uma forte somma do dinheiro em troca dos interessantes presentes que este lhe fizera, o vio recusar hnmildemente, elle exclamou admirado:

«— Nossos bonzos só nutrem um desejo insaciável de amontoar ouro e prata, e este bonzo da Europa nada quer acceitar!»

Esta conducta irreprehensivel, valeo a mais alta idea que os japonezes, poderão conceber sobre a nossa religião, o seus sacerdotes, e a protecção que este rei dispensou ao padre Xavier e aos seus companheiros mudou a situação da Igreja no Japão.

De feito, não erão bastantes tão poucos pastores para tão numerosos rebanhos e apezar da actividade dos primeiros missionarios, foi necessário que o padre Xavier escrevesse para Roma pedindo voluntários apostolos que a seu exemplo e de seus maiores, se dispuzessem a morrer, se assim fosse necessario, para honra e confirmação das suas crenças.

Assim escrevia o padre Xavier para Roma e ajuntava: — «É