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DA FRANÇA AO JAPÃO

baixada dos Príncipes christãos japoneses, junto do Papa Gregorio XIII.

Os fidalgos, que forão encarregados desta missão, erão: Mancio, neto do Rei de Fiounga, representando D. Francisco Rei de Boungo; Miguel Cingiva, em nome de Protais, Rei de Arima, e Bartholomeu, Rei d’Omoura.

Estes principes, que no baptismo receberão nomes christãos, flzerão-se acompanhar de dons jovens japonezes do distincção, também chamados Julião de Nacaura e Martin do Faria.

Depois de mil difficuldades e de experimentarem terriveis tempestades nos mares do Japão e da China, os embaixadores o seu sequito chegárão à Gôa, no fim de alguns mezes de viagem, onde o Vice-Rei das Indias, D. Francisco de Mascarenhas, lhes fez magnifica recepção e lhes deu um navio, melhor equipado, para seguirem viagem para á Europa.

Ainda novos perigos e naufragios não desalentarão os japonezes de seu empenho; e tendo elles partido de Nangasaki, em 20 de Fevereiro de 1582, só chegárão á Lisboa em 10 de Agosto de 1584; onde o Cardeal Alberto d'Austria os recebeu com grandes honras.

A duqueza de Bragança, mãi do Rei Philippe II, fez-lhes honrosas demonstrações de apreço, e entre todas a que mais agradecerão os japonezes foi ter ella vestido o seu filho Eduardo, a moda do Japão, por occasião de recebel-os em sua mesa no castello de Villa-Viçosa.

O itinerario que elles devião seguir até Roma, foi combinado pelo Cardeal d’Austria, de modo que visitassem os principaes lugares do Reino que ficavão n’aquella direcção; e na sua passagem, todas as cidades os festejavão fazendo-se-lhes em tudo, as mesmas honras a que tem direito os principes da Europa.

A embaixada embarcou-se em Valença e depois de furiosa tempestade que acommetteu os navios em que ião os seus membros, chegou finalmente á Livourne em 1° de Março de 1585.