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DA FRANÇA AO JAPÃO
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com coragem os seus infelizes amigos e compatriotas; e no dia seguinte, depois de verem queimar o navio portuguez, fôrão embarcados em um navio indigena, com destino a Macáo, onde a noticia desta cruel execução consternou toda a cidade.

Os corpos dos portuguezes fôrão enterrados proximo a uma pequena casa que existia no lugar da execução, e em um poste de madeira ahi levantado, lia-se a seguinte declaração do Imperador:

«Que no futuro ninguém, emquanto o sol llluminar o globo, tento penetrar no Japão, nem mesmo sob o titulo de Embaixador. E esta declaração não poderá ser revogada em tempo algum, sob pena de morte.»

Assim, no fim de um seculo de contacto com os estrangeiros, que, para fallarmos a verdade, abusarão da hospitalidade deste povo; os portos do Japão fôrão fechados aos navios de todas as Nações, exceptuados os hollandezes, aos quaes foi permittido estabelecer uma feitoria em Nangasaki, onde seus navios poderião aportar todos os quatro annos, não lhes sendo, porém, permittido, communicarem durante a noite com os indigenas.

Accusa-se aos hollandezes de terem auxiliado aos governadores de Nangasaki, nas perseguições contra os christãos, e que assim fazião para se insinuarem nas boas graças do Imperador.

O viajante Kæmpfer, que escreveu um interessante livro sobre o Japão, conta que os hollandezes interceptarão uma correspondência entre os portuguezes e os christãos japonezes, que revelava uma conspiração tramada contra a vida e o throno do Imperador, o segundo o padre Charlevoix, os hollandezes tinhão fabricado cartas com o fim de causar a perda dos seus rivaes.

O que não apresenta duvida alguma, é que estes interesseiros mercadores, soffrendo pela concurrencia dos portuguezes em seus negocios, lançarão mão de meios ignobeis e pouco dignos, o que deu em resultado a perda de milhares de vidas, e de ser ainda hoje odiado pela classe nobro do Japão, o nome de Christo.