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DA FRANÇA AO JAPÃO
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com lanternas de papel de differentes dimensões e variadas côres, o deixão vêr a meia luz do interior pela transparencia do papel, que substitue os vidros dos largos caixilhos de suas portas e janellas.

No interior, estas casas são divididas em muitos compartimentos, apenas separados por quadros de papel, movendo-se em corrediças, o que permitte de se transformar em alguns instantes, quatro ou seis destas divisões em um extenso salão.

O chão é forrado com delicadas e espessas esteiras, no que os japonezes tem o maior esmero; assim, fomos obrigados com receio do enlamaçal-as, deixar nossos botins á porta; e isto é uso no Japão.

Os bebedores de chá sentão-se sobre os joelhos e fórmão circulo em roda de um brazeiro, emquanto, que jovens japonezas correm pressurosas a offerecer-lhes fumo e cachimbos, cujas fornalhas são menores que o vasio de um dedal. Logo, em seguida, vem o precioso chá, que para bem aprecial-o os japonezes tomão sem assucar e em pequenas taças de fina porcelana casca de ovo. E na verdade, quanto a esta ultima condição estamos de accordo; o bom chá deve ser bebido em finas e transparentes taças.

O leitor não se enganará suppondo por esta discripção, que o Japão é o mais curioso e o mais delicioso paiz do mundo.

Alli não se encontra a indolencia e a perversidade do chim, tudo é animação, alegria, excellente e encantador; o chá, a porcellana, os bellos objectos de charão, a soda, os japonezes e finalmente, até os deoses são risonhos e meiguiceiros.

Os templos de Yedo constituem uma prova do que dissemos; o de Quanou apresenta-se-nos mais semelhante a uma feira do anno bom, do que como lugar de recolhimento e devoção; o que não quer dizer que os japonezes não a tenhão a seu modo.

É no fim de uma rua lateralmente occupada por algumas barracas, onde se achão expostas as curiosidades orientaes, que levantão se os tectos pontudos de um pagode, de alguns andares,