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DA FRANÇA AO JAPÃO

altos andares, mede cem metros de cumprimento, e traz a bandeira americana.

Não gostamos de viajar nestes navios que se inflammão mais facilmente do que uma barrica alcatroada, porém, a menos de não navegarmos em algum junco chinez ou japonez ou em navio de guerra francez, que só tem commodos para sua numerosa guarnição, não tivemos outro remedio senão embarcarmo-nos no Golden Age, confiados na fortuna porque, na verdade, todos os annos inflamma-se um destes navios, e, alguns, no meio do Oceano Pacifico sem que nem mesmo se tenha noticia.

Entretanto, os camarotes são espaçosos e a bordo encontra-se todas as commodidades possiveis em uma viagem de mar; coloriferos, bons banheiros, regular passadio, e, sobretudo, bons pilotos e officiaes; porém, a par disto, fuma-se nos salões, nos camarotes e até na segunda classe e mesmo, debaixo da coberta, veem-se centenares de chins amontoados como fardos, quasi adormecidos, ou fumando o opio em seus immensos cachimbos.

E a fleugma do joven commandante americano vai a tal ponto que, tendo noticia por um dos passageiros do abuso dos chins fumarem debaixo da coberta, mandou chamar o immediato e depois de communicar o occorrido, accrescentou rindo-se que não desejava que seu navio se queimasse, porque a companhia tinha, havia um mez, perdido um que incendiou-se ao sahir de Hong-Kong, e que tambem era accionista da companhia.

O interesse pecuniario predominava sobre sua responsabilidade moral.

Ao entrarmos no mar interior do Japão, vastos panoramas se desdobravão á nossos olhos; e, na verdade, tinhamos até então, percorrido a parte arenosa do territorio Japonez.

Assim, no littoral, vião-se altos rochedos como que plantados em limpida areia cobrindo largas praias e formando dunas mais ou menos elevadas. No mar interior, porém, destacavão-se altas montanhas com suas encostas cultivadas, pequeninas