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DA FRANÇA AO JAPÃO

possuia este objecto havia muito tempo, que não encontrava amador, e que, por isso, estava disposto a vendêl-o por menos do valor; e só depois de fumarmos uma duzia de cargas de fumo nos seus delicados cachimbos e de termos sorvidos outras tantas chicaras ou antes colheres de chá, podemos saber do preço da bella peça. Pedia nada menos de quatrocentos bous, que correspondem mais ou menos a duzentos e cincoenta mil réis de nossa moeda.

Naturalmente, a nossa bolsa não podia supportar sem perigo estes continuos attaques, e nos consolamos em apreciarmos o bello relevo e o valor artistico, e, para não contrariar o nosso amavel negociante de curiosidades, fizemos acquisição de uma duzia de delicadas taças de porcellana casca de ovo.

Dias depois, grande foi a nossa sorpresa sabendo que o objecto dos nossos desejos e que nos levou muitas vezes a visitar este bazar; era propriedade de um companheiro, e que apenas lhe custara cincoenta bous, isto é, a oitava parte do que nos exigia o farcista japonez.

Voltamos dias depois a sua casa e ahi vimos uma outra peça, do mesmo modelo e em tudo igual, o que muito nos fez rir, lembrando-nos da raridade tão apregoada pelo vendedor, que desta vez foi mais razoavel, pois nos vendeo por quarenta bous o tal prato, sem duvida para facilitar a venda de um terceiro a quem mais ou menos pagasse, á seo desejo.

Apenas residimos alguns dias no American Hotel e como já tivessemos escolhido lugar conveniente para levantar o nosso acampamento scientifico, não era possivel continuarmos n'esta agradavel vida, só consistindo em passear, mercadejar teteyas japonezas, comer e dormir. Isto seria natural para o viajante que só a curiosidade o levasse ao oriente.

O nosso acampamento foi levantado sobre uma das montanhas situadas no fundo do porto de Nangasaki e denominada Compirá-Hyamá:

Para chegarmos até o cume, galgavamos mais de mil largos