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DA FRANÇA AO JAPÃO
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Este illustre varão, diz em uma das suas cartas, que os japonezes excedem em virtude e em probidade a todas as nações conhecidas; é exactamente nossa humilde opinião porque, na verdade, não podemos distinguir nem pela educação nem pelo modo de vida, as differentes classes sociaes deste paiz.

Virtuoso paiz que conta elementos moraes de grande valor e que satisfazem todas as condições, para que a republica democrata não seja acoimada de utopia, por aquelles que receiando de si, não admittem a existencia de uma cidade, sendo exclusivamente dominada pelos elevados principios da liberdade, que nada mais é do que a independencia do cidadão dentro da orbita legal, o que ainda importa o trabalho.

É verdade que, se estudarmos o antigo regimen politico do Japão, veremos o feudalismo da idade média em todas as suas provincias e os imperadores com attribuições muito amplas, disporem tanto da vida e da propriedade dos nobres como dos plebeos.

E esta mudança rapida do antigo para o moderno regimen, este salto mortal da barbaria para a civilisação não seria provocado pela revolução de 1868, donde sahio vencedora a causa dos palriotas?

E esta transformação dos costumes d’este povo não se realisou com os applausos da propria Inglaterra, que com suas imposições vexactorias feitas á China foi a involuntaria iniciadora da liberdade deste povo, dando lugar a que os patriotas receiassem da franqueza do governo de então, que tudo cedia aos estrangeiros?

Hoje, o Japão caminha a largos passos para o mais perfeito dos regimens politicos. Em 1868, os patriotas combaterão os famigerados daïmios que ouvião, sem lembrarem-se da patria, os ultimos gemidos da China independente, entregue as garras da leôa dos mares, que não contente de sugar-lhe a seiva queria envenenar-lhe os filhos com o terrivel opio; amanhã, o povo japonez fará desapparecer os ultimos vestigios do passado regimen e assentará os alicerces de um