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De Magistro


superior a ela[1] (in DE LIBERO ARBITRIO Liber V.12).


Agostinho tinha como iluminação as revelações de verdades inteligíveis, eternas e universais. Agostinho acrescenta que o aprender se dá no descobrir em si próprio as verdades eternas e imutáveis, num influxo imanente de Deus sobre a inteligência, desta forma, reifica a teoria platônica e deriva sua natureza para uma episteme-teológica-filosófica, que serviu de base para sua Teoria da Iluminação Divina. Sobre seus objetivos com a obra, relatou:


No mesmo período escrevi um livro intitulado De Magistro. Nele se discute e se indaga a si mesmo, e se descobre que o Mestre que ensina todo o conhecimento ao homem não é outro a não ser Deus, segundo o que está escrito no Evangelho: Seu único Mestre é Cristo[2] (in RETRACTATIONVM Liber I.12).


De Magistro, obra do latim tardio (200 a 500), pós época clássica, reflete o período em que a língua passou por miscigenações das mais diversas, em face da expansão do domínio romano, com o escambo cultural entre povos vencidos e vencedores. Há ainda, que considerar em sua tradução, uma acrescência cultural determinante: a vida de Agostinho e do filho deu-se em um mundo repleto de signos e significados, no qual as palavras não se encontravam apenas na conjuntura de um dicionário, mas circunscritas a um contexto

  1. [...] Si enim dixeris, quia ille istum sentit, non te credo inventurum regulam qua fidere possimus, omne sentiens melius esse quam id quod ab eo sentitur, ne fortassis ex hoc etiam cogamur dicere, omne intellegens melius esse quam id quod ab eo intellegitur. Hoc enim falsum est; quia homo intellegit sapientiam, et non est melior quam ipsa sapientia.
  2. Per idem tempus scripsi librum cuius est titulus: De magistro, in quo disputatur et quaeritur et invenitur, magistrum non esse qui docet hominem scientiam nisi Deum, secundum illud etiam quod in Evangelio scriptum est: Unus est Magister vester Christus.