Página:De Magistro (Editora Fi).pdf/22

Wikisource, a biblioteca livre
20

De Magistro


os acadêmicos, mais precisamente contra os platonizantes, posto considerasse não serem platonistas, assim, declarou que a academia nova ao se afastar do platonismo, tornara-se limitada pelo ceticismo ortodoxo:


[...] àqueles puros e lúcidos em filosofia platônica, apartados e elevados às nuvens do erro, avançados em Plotino, filósofo platônico julgado tão semelhante a Platão, que se diria terem vividos em um mesmo tempo, tal a crer-se nele ter revivido[1] (in CONTRA ACADEMICOS Liber XVIII — 41).


A influência dos estóicos em Agostinho foi fundante ao possibilitar-lhe inferir os postulados semióticos assentidos em De Magistro, como escopo de sua teoria da linguagem. Quando o Império Romano anexou a Grécia ao seu território, pôde contatar, estudos gramaticais do Estoicismo[2], escola fundada por Zenão de Cítia, no Século IV a.C. que cultivava uma teoria que estudava a natureza da linguagem e de seus signos, mais tarde revivida pelos gramáticos romanos.

Todas as influências aqui esclarecidas levaram Peterson a concluir que Agostinho, ao propor uma Verdade inteligível e eterna, tenha atingido o cerne da consciência humana em seus mistérios, ao enveredar pelo neoplatonismo cristão, que influenciou e, ainda hoje, influencia todo o pensamento teológico e filosófico ocidental:


Foi este homem que, mais do que qualquer outro, influenciou o pensamento da Igreja do período, ajudando a formular sua filosofia e teologia para o presente e o futuro. Na Cristandade latina, o nome de Agostinho sobressai como o maior, tanto do ponto de
  1. [...] os ilud Platonis quod in philosophia purgatissimum est et lucidissimum, dimotis nubibus erroris emicuit, maxime in Plotino, qui platonicus philosophus ita elus similis judicatus est, ut simul eos vixisse, tantum autem interest temporis ut in hoc ille revixisse putandus sit.
  2. Escola filosófica que pregava um ideal de austera virtude definido pela atarexia e resumido na máxima: Abstém-se e suporta. (JOLIVET, 1975, p.85)