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Santo Agostinho

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vista teológico, quanto no sentido literário, nome que dominou o pensamento ocidental até o Século XIII e que jamais perderá seu brilho. Era figura riquíssima no sentido intelectual e prolífica em produção de livros, a maior parte deles em estilo latino, inspirados em problemas específicos que preocupavam a Igreja da época (1981, p. 62).


Agostinho foi muito mais um cristão a utilizar idéias neoplatônicas, quando convinham ao teocentrismo cristão que propriamente um defensor do neoplatonismo. Isto ficou patente quando, ao tratar da interioridade exposta em Soliloquiorum, seu alter-ego o questiona: Mas deixe de lado e responde a isto: Supondo que seja verdade o que de Deus disseram Platão e Plotino, a ti seria suficiente aquela ciência divina?[1] (in SOLILOQUIORVM Liber I — 4.9).

A pedagogia de Agostinho permuta a percepção física e pragmática, pela apreensão senciente. À primeira imperfeita e mutável que advém das percepções ordenadas por necessidades imediatistas; a segunda, perfeita, derivada do conhecimento das essências imutáveis, que não se apresenta diretamente, mas, que pela inteligibilidade, pode ser encontrada pelos sentidos, na transcendência ao invisível que se sobrepõe ao visível. Expõe seus argumentos em forma metafórica, como procedeu no entendimento de senciência a partir da metáfora da navegação, explorada principalmente em De Beata Vita, comparando os sentidos a um barco que levasse os homens ao encontro da sapiência:


Até este ponto os sentidos têm me servido como barcos. Pois quando me transportaram até o ponto que almejava, ali os deixei. Assim assentado em terra firme, comecei a analisá-los com o pensamento, o que abalou
  1. Sed quid ad nos? Nunc illud responde: si ea quae de Deo dixerunt Plato et Plotinus vera sunt, satisne tibi est ita Deum scire, ut illi sciebant?