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Santo Agostinho

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Há de se considerar que linguagem e pensamento em Agostinho estão tão íntima e reciprocamente ligados, que ao se referir a uma, estamos, necessariamente nos referindo ao outro. Isto posto, igualmente, a busca hermenêutica do sentido de minha tradução de De Magistro considerou as recomendações de Arendt, entendendo o implícito no indizível de Agostinho.Assim, a tradução que empreendi, destarte, apresenta uma proposta distintiva a partir de uma análise crítica, filológica e hermenêutica, ao considerar especificidades culturais, históricas e ideológicas.

De Magistro Princeps Edetio foi redigida em forma cursiva e não tem originariamente capítulos e subcapítulos, conquanto, mantive na tradução a numeração dos textos do corpus; os titulei a fim de lhes situar comentários que julquei pertinentes. Constam desta obra quatorze capítulos, divididos em três partes.

A primeira parte com os capítulos I-VII, contém um estudo da linguagem e dos signos que a compõe. No capítulo 1, Agostinho trata do propósito da fala com o objetivo de ensinar ou aprender; no capítulo II, relaciona as palavras a signos; no capítulo III, apresenta sua primeira proposição, e afirma que nada pode ser mostrado sem um signo, mas que podemos mostrá-lo se estamos executando o ato sobre o qual nos interpelam; e, nos capítulos IV a VII, estabelece a reciprocidade dos signos.

Na segunda parte, capítulos VIII-X, Agostinho procede a análise dos significados: Em VIII, analisa a necessidade de refletir sobre a coisa significada; em XIX, afirma que o conhecimento das coisas é mais importante que seus signos; e, no X, apresenta sua segunda proposição, e afirma não existe nenhuma comunicação verbalizada de ideéias e juízos sem signos, exceto certos fenômenos naturais e ações em espetáculos teatrais, que se dão sem o uso das palavras.

Na terceira e última parte, nos capítulos XI-XIV, Agostinho expõe suas reflexões pedagógicas. Em XII, afirma que as palavras não introduzem verdades novas em nossas mentes e que, mesmo com palavras, não ensinamos; em XIII,