de responder com monossílabos quando se ataca a vida alheia.
O pianista era, de resto, curiosíssimo. À roda do piano havia três ou quatro indivíduos hipnotizados pela sua virtuosidade. De vez em quando, um rancho de moças, escoltadas por cavalheiros, invadia a saleta para lhe fazer o pedido de uma composição comovente, e o Firmino logo esticava mais os dedos, erguia a cabeça ao teto, fingindo-se em pleno sonho, para ter um sobressalto, curvar-se, dizer:
— Minhas senhoras...
Então, todas falavam a um tempo
— Firmino, toca a Estrela d'alva.
— Não! Antes a Irresistível...
— Silêncio! Firmino, mlle. Abigail deseja aquela tua valsa... aquela muito dançante. Como se chama, mlle.?
— Lolita.
— É isso, a Lolita.
O pianista lambia os beiços.
— Ah! v. exa. gosta da Lolita? Um poucochinho velha, tem seis meses.
— Mas é tão bonita!
— Muito obrigado.
E, mais suado, com o lenço entre o pescoço e o colarinho a desabar, o pianista sacudia no piano os saracoteios da valsa. Não sei, meus senhores, qual a vossa impressão ouvindo esse gênero musical. Eu, francamente, sentia-me moço, com vontade de dar à perna, tamborilando nos braços da