Página:Dentro da noite.djvu/134

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toca? D. Julieta era tímida e ainda estava estudando. Ninguém tocava, ninguém sabia o que fazer? E tudo por causa desse Firmino...

Um dos rapazes, que usava lunetas e parecia muito brincalhão, propôs o suicídio geral, um holocausto a Terpsychore e, para dar o exemplo, atirou-se à janela. Mas voltou de lá, em pontas de pé, a face feliz, pedindo silêncio

— Meus senhores, está tudo resolvido. Descobri um pianista! Agarrei o impossível!

Todos, num ímpeto, indagaram onde o guardava

— Ali, em baixo, na rua, vendo o baile. É o Prates. O Prates, há vinte e cinco anos, era o Firmino de hoje. Morreu-lhe a mulher, foi para uma fazenda, não sei. O fato é que, quando voltou, já outros lhe tinham tomado o lugar. O Prates anda por aí furioso contra os rivais, e passa as noites assistindo aos bailes como convidado do sereno. Não perdeu o hábito, coitado! Era a sua atmosfera... De manhã lê os cumprimentos dos jornais e à noite espia os saraus. Original. Lá está ele. É aquele gorducho, de cavaignac branco, com um ar de agente de polícia aposentado.

— Que romântico! fez o Dr. Hortêncio, e todos nós fomos à janela, sutilmente, espiar a rua negra, onde, com um cavaignac branco estava o caso esquisito.

O mocinho indagou do anfitrião:

— V. ex. permite que o vá chamar?

— Sei lá! se os senhores quiserem.