- Saber do meu filho. É o 390.
- Há quantos dias?
- Há quatro. Ainda elas não tinham saído. Foi o médico que disse. Ai! O meu pequeno!
- Está decerto no pavilhão de observação. Vou mandar ver.
- Meu senhor, a minha mulherinha, diga-me por Deus, diga-me.
- Espere, homem. Nada de barulho.
Os retintins telefônicos continuam. Algumas faces não dizem nada. Estão lá sentadas, esperando, esperando, esperando. E há marcados, marcados do terrível mal, que vão sair, não morreram, estarão dentro em pouco na rua com a fisionomia torcida, roída, desfeita para todo o sempre. E ele? E Francisco? Ficará assim? Assim, horrível, horrível... É preciso vê-lo! É preciso!
O rapaz volta, faz-me um gesto, sigo-o, dou no gabinete do diretor, muito louro, com a sua face inteligente vincada de tristeza.
- Então, por cá? Não teve medo? Está com a mão fria. Ah! meu amigo, a apostar que não acreditava na devastação do mal? Pois é horrível, é inaudito. Tenho presentemente no hospital setecentos e vinte doentes, desde varíola hemorrágica, que mata em horas, até a bexiga branca, que nem sempre mata. Já não há lugares. Nunca São Sebastião esteve assim. Mandei construir às pressas mais dois pavilhões. Estou arrasado de trabalho e desolado. Afinal, por mais que se esteja habituado, sempre se tem coração para sentir a dolorosa atmosfera