Página:Dentro da noite.djvu/215

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e gangrenas nos corpos dias antes bons. O homem ia depressa, e eu arquejava atrás, com as têmporas batendo. Meu Deus! Que iria ver? Que se daria? De repente parou, subiu uma escada. Subi também. Abriu uma porta de tela, entro. Entrei com ele. Abriu outra, passou. Passei com ele. Encaminhou-se para um compartimento. Segui-o. Onde estava eu? Sei lá! Não sabia! Não sabia! Vi-me diante de um leito, onde um cobertor tapava, por completo, pequeno volume. Para diante havia outros leitos cobertos de vermelho, outros muitos cobrindo a negregada. Certo cavalheiro indagava: "- Quer ver então?" "- Sim, senhor." "- Não é grave. Este escapa. Mas tenha coragem!"

Depois, com infinito cuidado, pegou das pontas do cobertor e foi levantando aos poucos. Fechei os olhos, abri-os, tornei a fecha-los. " Não há engano?" "- A papeleta não erra. É ele mesmo."

Eu tinha diante de mim um monstro. As faces inchadas, vermelhas e em pus, os lábios lívidos, como para arrebentar em sânie. Os olhos desaparecidos meio afundados em lama amarela, já sem pestanas e com as sobrancelhas comidas, as orelhas enormes. Era como se aquela face fosse queimada por dentro e estalasse em empolas e em apostemas a epiderme. Quis recuar, quis aproximar-me. Só consegui dizer para o horror: "-