Página:Dentro da noite.djvu/222

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Mesmo ali, entregou-lhe a nota do empréstimo, piscou o olho para outro caixeiro, um camaradão esse, foi até à cigarreria receber fiado um maço dos de carteirinha e uma caixa de fósforos. Acendeu um, vagou um pouco pela atmosfera deletéria do botequim, repleto de cambistas, de vendedores de senhas, de gente que não tinha o que fazer ao lado de uns tipos de torrinha, que trabalhavam o dia para fazer da claque à noite, olhou-se um instante no espelho. Estava pálido, com olheiras, a barba por fazer e o seu colarinho, emprestado, havia oito dias que lhe apertava o pescoço. Sentiu uma tonteira. Fome, de certo. Não comera desde a véspera, e o dia anterior passara-o com uma media e meio pão com manteiga, repartido afetuosamente com o Clodomiro. Iria comer um bife no frege.

Saiu devagar, desceu a rua do Senado, entrou numa casa de pasto da rua do Espirito Santo, e foi bem para o fundo, com medo dos camaradas necessitados, que talvez quisessem repartir. O caixeiro, um gordo, com o ventre muito grande e o nariz rubicundo, assentou as duas mãos na toalha suja, e desfiou diante dele a lista cantada das iguarias.

— Um bife e um caldo verde.

— O bife depois?

— Está visto.

— Salta um caldo verde! ladrou para dentro o homem.

Armando pediu tambem vinho. Logo que o