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fossem fechadas no Brazil todas as fabricas, manufacturas e theares de ouro, prata, seda, linho, lã ou algodão, exceptuando-se sómente a fazenda grossa de algodão para uso dos negros, indios e familias pobres!!…

Foi talvez para não propagar ideias, que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, que por essa mesma época o magnanimo e sabio governo da metropole prohibiu a venda de navios do commercio para qualquer dos portos do Brazil!!…

Foi, em ultima analyse, para não propagar ideias que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, que tão benevolo e paternal governo ordenou por lei que todo vassallo da corôa que viesse a possuir mais de uma fortuna mediana, fosse enviado para Portugal!!…

Oh! não é possível se acabrunhar mais um povo! Não póde haver uma oppressão mais iniqua!

Com effeito, durante o longo periodo, em que o Brazil gemeu sob o domínio de Portugal, só rigores lhe dispensava a metropole. Por qualquer das faces das capitanias de nosso vasto territorio, a que lancemos as vistas, só a imagem lugubre e esqualida da desolação é o que enxergamos. Beneficios tendentes ás instituições brazileiras, e as mais indispensaveis reformas não se apontam. Portugal só queria do Brazil o ouro, as riquezas naturaes [1]; e entretanto, como disse o finado

  1. No antigo districto diamantino tirava-se para a fazenda real 4 a 5 mil oitavas de diamante por anno — De 1700 a 1820 deu a provincia de Minas 35.647 arrobas de ouro. Consta mais dos registros as quantidades do ouro fornecidas pelo Brazil:
    Matto Grosso de 1720 a 1820 forneceu 3.107 @
    Goyaz de 1720 a 1800
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    9.712
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    S. Paulo de 1600 a 1820
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    1.650
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    Motal das 4 Provincias 53.116
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