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vontade do governo portuguez no que diz respeito á diffusão das luzes no Brazil. Seu horror aos progressos intellectuaes da triste tutelada é bem manifesto. Entretanto estes factos não extinguiram ainda o espirito de associações scientificas; a tendencia dos brazileiros para as lettras permanecia.

Fundou-se depois disto a academia scientifica do Rio de Janeiro, cuja primeira reunião teve logar a 18 de fevereiro de 1772 no palacio do vice-rei, Marquez do Lavradio, por iniciativa do doutor José Henriques de Paiva, seu medico, com o fim de se tratar do desenvolvimento das sciencias naturaes, da medicina e da agricultura. Foi presidente desta associação o mesmo doutor Henriques de Paiva, e secretario Luiz Borges Salgado; e apezar de tão restrictos serem seus fins, e de fazer conhecidas na Europa plantas do Brazil, contribuindo para o cultivo do cacau, do anil, da cochonilha e de outros productos, morreu, como suas irmãs, aos maus olhados da metropole.

Finalmente e já nos fins do seculo XVIII o illustrado mineiro Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, tendo a felicidade de merecer a estima do governador do Rio de Janeiro Luiz de Vasconcellos, que — honra lhe seja feita — sabia reconhecer e dar valor ao merito onde elle estivesse, e demonstrou desejos de ver no Brazil florescerem as lettras, Alvarenga, associando-se a seu conterraneo José Basilio da Gama, o festejado cantor do Uruguay, que acabava de chegar de Portugal, obteve a instituição de uma sociedade litteraria, moldada pela Arcadia de Roma, á qual chegaram a agrupar-se brilhantes intelligencias, que então floresciam na terra do Cruzeiro. Mas, quanto