Página:Diccionario Bibliographico Brazileiro v1.pdf/54

Wikisource, a biblioteca livre

Foi elle quem neste anno effectuou o famoso tratado de 13 de janeiro entre Portugal e a Hespanha, pelo qual se fixaram os pontos capitães da linha divisória entre as possessões dos dous Estados na America meridional, tratado que foi modificado em 1761 com desvantagens para Portugal, mas pelo qual — depois da morte de dom João V, porque não tinha as graças do successor deste — lhe imaginaram certas accusações e quando entretanto o proprio embaixador que concluira o tratado com geral aprasimento, em seu nome e no de sua familia, fizera a Gusmão offerta de um annel, que lhe fôra doado como brinde da honrosa negociação, offerta que elle recusou com toda dignidade e energia.

Foram tres annos de amarguras os tres annos que viveu Alexandre de Gusmão, depois da morte de dom João V, não tanto por se sentir ferido pela ingratidão de dom José, e da côrte portugueza, como por ver perecerem seus dous filhos nas chammas de um incendio que lhe devorara sua caza e seus bens em 1751. Era fidalgo da caza real, do conselho de sua magestade o rei de Portugal e do Brazil, cavalleiro da ordem de Christo, membro do conselho ultramarino, um dos cincoenta membros da academia real de historia portugueza, e de diversas associações litterarias.

Escreveu:

Relação da entrada publica que fez em Paris aos 18 de agosto de 1715 o excellentissimo senhor dom Luiz da Camara, Conde da Ribeira, do conselho d'el-rei de Portugal, seu embaixador extraordinario d côrte de França, reinando nesta monarchia Luiz XIV, em que se acham varias noticias concernentes ao ceremonial desta embaixada, Pariz, 1715.

Pratica com que congratulou a academia real em 13 de março de 1732 por ser eleito seu collega — Sahiu na collecção de documentos o memorias da mesma academia, Lisboa, 1732, e foi reproduzida no Patriota, Rio de Janeiro, 1813, n. 4.

Conta de seus estudos academicos, dada a 24 de junho de 1732 — Na dita collecção, tomo 9.º

Aventuras de Diofanes, imitando o sapientissimo Fenelon na sua viagem de Telemaco; por Dorothea Engracia Tavareda Dalmira. Lisboa, .... — Desta obra que se sabe ser de Alexandre de Gusmão, sahiram mais duas edições no seculo passado, sendo a ultima em 1790, de 340 pags. in-4º, todas em Lisboa. Innocencio da Silva estranha com toda razão, que o autor, ainda vivendo, consentisse em ser publicado este romance sob nome que está longe de ser um anagramma de seu nome, e que entretanto o é de] dona Thereza Margarida da Silva Horta, de cuja lavra foi considerado; e ainda mais estranha que o abbade Barboza Machado, devendo estar bem ao facto destas couzas, passadas no seu tempo, sob suas vistas, se deixasse illudir ao ponto de attribuir a obra, a que me refiro, a dona Thereza. De minha parte a mencionando aqui com estas observações, nada afirmo; dou sd noticia dos factos. O que ó com certeza da penna de