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Casimiro José Marques de Abreu — Filho do negociante portuguez Jose Joaquim Marques de Abreu e de dona Luiza Joaquina das Neves, nasceu em S. João da Barra, da então provincia do Rio de Janeiro, a 4 de janeiro de 1837 e falleceu a 18 de outubro de 1860. Entregue por seu pae ao collegio Freese em Nova Friburgo com expressa recommendação de preparal-o para a vida do commercio, ahi estudou geographia, historia, mathematicas e algumas linguas e, apenas com quinze annos, revelou-se poeta com a composição de sua « Ave-Maria » e com varias outras que escreveu, dominado de sincero amor por certa menina. Então veiu seu pai buscal-o e collocou-o em seu escriptorio, ao que sujeitou-se só por obediencia, mas contrariado, porque sentia aversão por essa vida. Nas horas, entretanto, de desçanço do continuo trabalho de cifras e de calculo, entregava-se Casimiro de Abreu ao cultivo da poesia, já lendo os bons livros que podia obter, já escrevendo essas bellissimas composições que a imaginação em sonhos de ouro lhe dictava; mas ás occultas, porque isso mesmo lhe era vedado e tudo isso concorria para estragar-lhe as molas da existencia, como effectivamente aconteceu. Mandado, já doente, á Portugal em novembro de 1853, sua saude não melhorou; ao contrario, as saudades da patria vieram mais aggraval-a e symptomas de tuberculose pulmonar se denunciaram; voltou á patria e ao escriptorio, a que seu pae teimava de entregal-o, depois de tel-o alguns mezes numa fazenda de sua propriedade. A molestia progredia eo jovem poeta veiu della a perecer em Nova Friburgo. Escreveu:

Canções do exílio. Lisboa, 1854, in-8º - São poesias escriptas, quasi todas em Lisboa, nas quaes transluz a melancolia que lhe geravam na alma as saudades da patria.

Camões e o Jáo: scena dramatica original, representada no theatro de D. Fernando em o dia 18 de fevereiro de 1856. Lisboa, 1856, 23 pags. in-8º — O autographo figurou na exposição camoneana da bibliotheca nacional de 10 de junho de 1880 e é datado de 1 de dezembro de 1855, incompleto, parecendo o primeiro esboço da composição.

As primaveras. 1855-1858. Rio de Janeiro, 1859, 276 pags. in-8º — E'dividido este livro em quatro partes e, após sua publicação. appareceram diversas noticias, elogiando-o, sendo uma dellas no Correio Mercantil de 19 de março de 18130 pelo Dr. Pedro Luiz Pereira de Souza, de quem se trata opportunamellte. Depois foram publicadas as seglúntes edições, de que algumas trazem designações inexactas:

2.º As primaveras 2ª edição, Lisboa, 1864, in-8.º - pelo livreiro Antonio José Fernandes Lopes, com quem o autor fizera um contracto para a impressão de suas obras.