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��Se por emigrao da sia, como se deve crer, os emifrr-mtes deveriam tor trazido comsigo alg:ii^j:ias plantas teis, e entre ellas a Canna de assucar, que de fcil transporte. O Sr. Dr. Freire Al- lemo discute na memoria citada a questo :

Se a Canna foi encontrada indgena no Brasil, na epoclia de sua descoberta.

Para isso elle consultou todos os do- cumentos histricos, que pde encontrar, comparou-o, e de todo esse exame ti- rou as seguintes concluses, que logi- camente se podem adoptar.

Para o Brasil o mais provvel que ella viesse de So Thom, onde geral- mente se refaziam os navios que nave- gavam para a ndia e para o Brasil, e onde a industria assucareira havia to- mado to grande desenvolvimento que o professor Domingos Vandelli assevera haver alli sessenta engenhos em 1492.

O facto que por toda a parte a se- mente da Canna chegou muito antes de cuidar-se em preparar o assucar, e por quasi toda a parte teve tambm sorte igual a dos outros vegetaes, que, condu- zidos por particulares descuidosos , no deixo documentos nem de si nem de seus introductores.

No o mesmo com o estabelecimento de fabricas ou engenhos ; so factos no- tveis, que, com os nomes de seus fun- dadores gravam-se na memoria do povo e se perpetuam em escripturas publicas. Bougainville, na sua viagem roda do mundo, em 1768, trouxe mudas de Canna indgena de Otahiti ou Taiti, que depois foram enviadas para as ilhas de Frana e Bourbon, e d'esta ultima para a Guyanna Franceza, onde ella conhe- cida com o nome de Canna de Botirhon. De Cayenna ella foi transportada para o Brasil, onde se lhe deu o nome de Camia de Cayetma. A primeira provncia que a recebeu foi a do Par, no tempo do Governador Francisco de Souza Cou- tinho., entre os annos de 1790 e 1793.

O navegante inglez Bligh introduzio esta espcie nas colnias de sua nao. Segundo as informaes colhidas pelo Dr. Freire Allemo, ella chegou

��Bahia cm 1810, e foi primeiramente plantada no engenho da praia perten- cente Manoel de Lima 1'ereira.

Da Bahia passou para o Rio de Ja- neiro, trazida ou mandada buscar pelo fallceidd Marquez de Barbacena, e os primeiros engenhos que a cultivaram foram os do Bang e Gericin, na freguezia do Campo-grande, dos quaes era proprietria ento a fallccida D. Anna de Castro. Isto teve lugar em 1811.

No obstante estas informaes repu- tadas fidedignas o autor cita as me- morias do padre Luiz Gonalves dos Santos, onde se diz que em 1810 o brigadeiro Manoel Marques, governador interino da colnia de Guyanna, ento occupada pelos portuguezes, enviara para a Corte, Par e Pernambuco grande numero de plantas de Canna de Otahiti cultivada n'aquella colnia, e que essas cannas cultivadas no jardim botnico de Pernambuco, foram depois distribudas pelos lavradores.

Esta variedade fez desapparecer dos cannaviaes e dos engenhos a Canna denominada creoula ; todavia esta con- tinuou a cultivar-se para alimentao do gado e para vender-se nas cidades, por ser prefervel para estes mysteres Cayenna.

A cultura d'esta ultima variedade comeou ha cerca de setenta annos nas colnias francezas, e a pouco mais de quarenta no Brasil. A espcie verde, que a geralmente cultivada entre ns, comeou a alguns annos a tor- nar-se dura, render pouco assucar, e finalmente foi accommettida de uma enfermidade, de tal modo grave, que em muitos lugares, sobretudo na pro- vncia do Rio de Janeiro foi foroso recorrer outra vez j desJDrezada Catma creoula.

Prestando a devida atteno a este deplorvel estado de cousas o governo imperial resolveu mandar uma expe- dio Ilha de Bourbon ou da Reu- nio, buscar novas plantas afim de re- generar a cultura em' decadncia. N'essa ilha, assim como na de Mau-

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