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porque, dizia elle, a sua honra estara empenhada na conclusão do trabalho.

Feita a traducção dos cem cantos do poema, começou nozo esforço, nova luta: a annotação.

O que é a traducção do poema já está mais ou menos julgada. pelo Inferno», que foi publicado em 1838, editado pelo sr. Jose Luiz de Freitas, meu ex-cunhado, pelo que disscram as pennas dos escriptores nacionaes Arthur Azevedo, Luiz Murat, Valentin Nagalhães, Lima Campos e outros. A annotação é uma maravilha: pode-se dizer que cada verso tem uma explicação elucidativa é que demonstra o quanto lcu, o quanto estudou meu Pae para bem fazer a sau traducção.

Traduzir, qualquer traduz; agora traduzir com amor, vizer com o poeta, interpretar-lhe o pensamento, descobrir o que elle quis diser, com acerto, remontar á cpoca em quc clle vicu, conhecer irinucias da sua vida, como fez o pocta lahiano de quem me 1.fano, e fazer cousa rara, como não se tem feito aqui no nosso pais ecreio que na lingua portugueza.

O verso é classico, o portuguez é de lei.

Quem me lê, achará que exagéro? Creio que não; faria o mesmo que eu faço, porque a verdade é uma: a obra ahi está, completa, exactissima, como o poeta a traduciu, a interpretou c a annotou.

O poeta-interprete do Dante fez mais do que poude, deu mais do que os outros que o tentaram fazer. A minha vaidade está em ser a traducção completa que ora apparece, a primeira que se fez na lingua portuguesa, esmerada e artisticamente trabalhada.

Depois da annotação, o traductor da «Divina Comedia» estudou a obra dantesca» analyticamente, trecho a trocho, e deu-lhe a sua on pressão c a dos innumeros commentadores. É um volume especial que ha de apparecer proximamente, com mais cagar.