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124 DOM JOAO VI NO BRAZIL

fidalgamente os seus maravilhosos taboleiros verdes. Spix e Martius deixaram entre as suas impressoes, cuja conscien- cia nao e prejudicada pela fantasia antes posta em realce pela sinceridade, a mais suggestiva descripgao de uma flo- resta virgem, d essas que se encontram de preferencia nit zona do littoral, onde se exhibe pasmosa a pujanga da vege- tagao e a vida pulsa ate sobre os gigantes vegetaes cahidos e mortos.

Os dous illustres naturalistas como que evocaram gra- phicamente diante do leitor curioso dos principios d ) se- culo XIX, cujas sensagoes de paizagem nao estavam ainda gastas, os jacarandas de folhas leves, o ipe de folhas doura- das, o pau d alho de casca aromatica, a araucaria de gra- ciosos contornos, as palmeiras de folhas farfalhantes e a> parasitas "ccm as quaes as velhas arvores se arrebicam coma novas." Fizeram-no nao so ouvir todos os ruidos da matta,. das primeiras as ultimas horas os gritos dos macacos e da preguica, o ccaxar das ras, o chiar estridente das cigarras, o zumbido das vespas, o doce bater de azas dos beija-f lores como ver as cores brilhantes das borboletas e dos bezouros,, o frio rcozaico da pelle dos lagartos e das cobras, as sombras medrozas dos veados e das pacas.

De par com as bellezas naturaes, nao deixam Spix e Martius, infatigaveis como foram, de salientar os incom modes e difficuldades das excursoes de outr ora, n um meio pouco conhecido e n um clima hostil ao menos pela novidade. As caravanas descancavam nos ranches ou telheiros, abertos aos quatro ventos ou com dous muros em angulo recto. Como transportavam nas cangalhas das mulas tudo de quanto careciam, achando-se o trabalho perfeitamente divi- dido entre os tropeiros, estavam dispensadas de supprirem-se

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