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104 DOM JOAO VI NO BRAZIL

pe em que estavam. Seria impossivel ir por mais tempo e por complete contra as ideas predominantes. Ja em 1801 es- crevia D. Rodrigo (i) que os alliados (a Inglaterra sobre- tudo) tinham dilacerado o Principe "e se dispoem talvez agora a tirar para o futuro partido em qualquer caso da des- graga de V. A. R. propondo-se gozar da abertura dos portos do Brazil, que na Paz Geral Ihes ha de ser commum, e da entrada das manufacturas de algodao que vai conceder-se a Franga, dando-se hum fatal golpe a nossa industria."

O arraigado proteccionismo nacional, que Pombal zc-

lara e D. Rodrigo queria entao preservar, nao desmente o

facto de achar-se na moda, pelo menos dentro dos limites de

cada paiz, a liberdade economica. E o espirito do ministro

era bastante rasgado para, uma vez exercendo sua acgao no

meio e sobre assumptos da colonia, coadjuvar francamente a

boa vontade do Regente em quaesquer medidas que nao

fossem de caracter politico, e das quaes pudessem resultar

para o Brazil proveito material e adiantamento. No servigo

do seu Principe o ministro dos Negocios Estrangeiros e da

Guerra do primeiro gabinete brazileiro tinha alias por norma

ir alem das preoccupagoes de caracter pessoal e deixar-se

guiar por principios e opportunidades; e tao convencida era

sempre sua politica como eram suas antipathias. Portugal

ha de ganhar mais, exclamava elle depois de se encontrar

no Rio de Janeiro, com o augmento que ha de ter o Brazil

depois dos liberaes principios que V. A. R. mandou esta-

belecer, do que antes ganhava com o systema restricto e

colonial que existia; Portugal ha de ser sempre o deposito

natural dos generos do Brazil, e o deposito ha de ser muito

maior; Portugal ha de ter melhor, e maior consumo para as

(1) Carta ao Prtocipe Regente de 7 de Outuibro, no Area. Pub. do Rio de Janeiro.

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