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DOM JOAO VI NO BRAZIL 201

D. Rodrigo viajara e vivera na Europa de alem dos Pyri- neus, formando o seu espirito, no tempo em que os sobera- nos timbravam pela maior parte em imitar o Imperador Jose II, ensaiando o socialismo de Estado a que se quer agora chegar pelo prccesso inverso, partfndo da plebe a inti- magao em vez de descer do throno a protecgao.

Foi pois Linhares por inclinacao e por educagao pra- tica seguidor d esse systema que havia sido o pombalino, e envolvia muito espirito reformador no que diz respeito ao bem estar national e muita tendencia regalista no tocante as relates com a Egreja. A acgao do ministro de Dom Joao VI foi entretanto, nao por mais comprehensiva ou vigorosa, mas de certo por se haver exercido em epocha mais fecunda e em meio mais ; ductil, menos ephemera do que a do minis tro de Dom Jose. A pequena reacgao, parodia a que se seguio a queda de Pombal, reaccjio de beatos e de velhacos que preten- deu inutilizar a obra de Linhares, nao conseguio vingar, nem mesmo invocando a terrifica visao revolucionaria da America Hespanhola. O pensamento novo logrou resistir: elle inspirara mais confianca e mais dignidade a socieda de so bre a qual operara no sentido progressive. Os resultados ja eram visiveis: 1812 differia sensivelmente de 1808.

As cousas ecclesiasticas, a que tao importante papel com- petia entao, tinham melhorado, para isto contribuindo sem duvida as virtudes do novo Bispo, D. Jose Caetano de Souza Coutinho, mais do que ainda as suas bellas pastoraes, das quaes no habito de mal dizer, Marrocos escarnecia grosseira- mente, chamando-lhes uma porcarla apezar de ser muito obrigado ao prelado, "porque me faz muita festa, e me vizi- tou na Livraria, por nao saber a minha casa." ( i ) Exami-

��(1) Carta de 26 de Ointuforo de 1811.

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