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DOM JOAO VI NO BRAZIL 373

Nao se deve esquecer, pondera elle nas suas reflexoes semanaes, que os bancos so alcangam tantos privilegios dos governos porque se compromettem, pelo menos tacitamente, a conceder-lhes grande credito ". E, com efreito, o proprio governo acabou por quasi arruinar o Banco do Brazil, cuja gerencia estava, alias, longe de ser um modelo de regulari- dade e probidade.

E sabido que para o regresso da familia real para Portugal foi o Banco posto a saque. Pouco antes de embar- car, a 23 de Marc,o de 1821, tinha o Rei de mandar consi- derar dividas nacionaes os desembolsos do Banco nas suas transaccoes com os cofres publicos, ou adiantamentos effe- ctuados para supprir as urgencias do Estado, declarando responsaveis para com essas dividas as rendas do Reino do Brazil e outros rendimentos, e mandando entrar para a caixa do Banco os brilhantes lapidados que se achassem no Erario. Quasi naufragou entao o estabelecimento, levado a pique pelos proprios que tanto o tinham favoneado.

A honestidade nao era, como ja houve ensejo de recor- dar, um trago caracteristico da sociedade brazileira em tempo d El-Rei Dom Joao VI. Individuos honestos, e no maximo grau, certamente se encontravam, mas nao com a desejavel frequencia. No Thesouro refere Luccock ser tamanha a falta de escrupulos que correntemente se deduziam premios

- uma vez chegou a forgada reducgao a 17 o/o do total - sobre as quantias pagas on sacadas. Note-se que taes premios nao eram exigidos pelo fisco, mas extorquidos pelos empre- gados para darem andamento a um expediente que se tornara summamente moroso e complicado sob essa commandita de funccionarios infieis. Verdade e que, ao passo que as prodi- galidades da ucharia se pagavam pontualmenre, esses func-


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