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474 DOM JOAO VI NO BRAZIL

Palmella nao perdeu um minuto em combater a idea que tao humilhante Ihe apparecia no tocante a situagao a que assim ficava Portugal relegado. Reconhecia que nao podia menos do que "esperar que as potencias maiores di- ctassem a ley, mas achava excessivamente duro que este procedimento, que so era consequencia da forca, se erigisse de algum modo em direito por meyo de huma declaracao solemne e official que ficaria como monumento para o fu- turo na historia diplomatica."

Muito delicadamente explicara Castlereagh a Palmella o motivo da difficuldade que Portugal n este ponto offerecia as outras potencias, as quaes objectavam principalmente a inclusao do Reino alliado da Inglaterra na commissao, nao somente porque daria ella occasiao a que a pretendessem igualmente, e com titulos tao validos, os reinos de analogas proporgoes de Napoles, Sardenha, Baviera, Wurremberg e Dinamarca, como porque tenderia a augmentar a influencia da Gra Bretanha no Congresso, facultando-lhe trez votos mais que Ihe seriam, temia-se, incondicionalmente fieis.

A verdadeira razao era mais a segunda do que a pri- meira, si bem que, com tornar-se em demasia numerosa a commissao preparatoria, ficasse frustrada uma das van- tagens em mira, a saber, a promptidao nos accordos a rea-

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lizar. Portugal de facto apparecia entao como um paiz sobre o qual a Inglaterra exercia um inequivoco protecto- rado,. fazendo-se portanto dispensavel mesmo a sua repre- senta^ao diplomatica. A nagao protegida nunca poderia em questoes internacionaes divergir da protectora.

Nao faltavam occorrencias recentes que corroborassem tal impressao: a captura da esquadra russa no porto de Lis-

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