Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/529

Wikisource, a biblioteca livre

DOM JOAO VI NO BKAZ1L 507

Regencia, que se recusara a mandar embarcar o contingente sem chegarem as ordens do Rio.

Wellington ia mesmo mais longe, e em Agosto de 1815 abriu-se com Palmella em Pariz e fez amargas recri- minacoes sobre a ma vontade testemunhada pela Regencia e pelos officiaes portuguezes a officialidade ingleza em ser- vigo no exercito do Reino. Beresford principalmente mos- trava-se desgostoso, julgando-se menoscabado nas suas at- tribuicoes e servicos. De facto prenunciava-se a conspiragao de Gomes Freire, desabafo da revolta do sentimento nacio- nal contra o protectorado inglez a que estava sujeito Por tugal e a que escapava o Brazil pela distancia, vastidao terri torial, residencia ja effectiva da corte, afastamento das questoes agudas da politica europea e outras circumstancias.

O papel de Palmella foi conspicuo em Vienna, como o fora em Cadiz e o seria em Pariz e Londres, porque foi sempre digna a sua attitude. Elle tratou invariavelmente os Inglezes com amizade e consideracao, que nunca exclui- ram comtudo hombridade e nocao da decencia internacional. Achava que si a Inglaterra se aproveitava de Portugal, tam- bem assistia razao a Portugal para se aproveitar da Ingla terra e que taes services deviam ser mutuos. Era urn cultor da reciprocidade em politica: por isso reprovou sempre muito os tratados leoninos de 1810, cuja annullacao bata- Ihou rijo por conseguir. Seguindo attentamente, com a sua experiencia das cortes europeas e visao perspicaz, a marcha dos acontecimentos publicos, nao Ihe escapara todavia, nem a inclinacao britannica para assumir uma solida posicao con tinental, de que foi expressao a creacao ingleza dos Paizes Baixos, ancora d essa politica affirmada no Congresso de Vienna e que Talleyrand tanto contribuiria para inutilizar

�� �