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50 DOM JOAO VI NO BRAZIL

commodou a Inglaterra, reconhecendo a impossibilidade para Portugal de resistir a terrivel pressao do Imperador dos Francezes. Sabemos que, fiel a tradicionaes compromissos e mais agradecido ao Rei Jorge pela sua condescendencia, o Principe Regente de Portugal nao queria absolutamente ir alem d aquella medida de uma animosidade pode dizer-se negativa, nem sobretudo juntar sua esquadra as esquadras franceza e hespanhola. Sabemos tambem que forga Ihe fora, nao obstante, proseguir no caminho por onde o arrastavam as exigencias imperiosas de Napoleao e iniciar contra os sub- ditos inglezes as violencias pessoaes, ordenando sua detengao e o sequestro dos seus bens.

Antonio de Araujo, cuja situagao era afflictiva mesmo porque, apezar de todos os prenuncios e antecedentes, o tra- tado de Fontainebleau constituio uma surpreza para a im- previsao nacional, pretendeu ainda continuar a politica for- cada de tergiversagao, propondo que se adherisse ao seques tro, indemnizando-se porem as occultas os Inglezes que d elle fossem victimas. A anemia do Thesouro nao podia todavia fazer face a sangria que tal evasiva determinaria de pancada, e entretanto crescia a confusao, clamando os con- selheiros da facgao ingleza pela guerra patriotica, abando- nando os Inglezes um paiz onde ja nao enxergavam garan- tias, e subindo a trinta por cento o desconto do papel-moeda. Por seu lado o enviado britannico, lord Strangford, accen- tuava o rompimento retirando as armas inglezas do palacio da sua residencia e transferindo-se a 18 de Novembro para bordo do London, navio almirante da esquadra de sir Sidney Smith, a qual entao estabeleceu o bloqueio da capital portugueza.

Chegavam ao mesmo tempo a Lisboa as primeiras noti- cias da passagem das tropas napoleonicas pela fronteira do

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