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DOM JOAO VI XO BRAZIL 65

tropole, n ella referveram a inveja e o despeito entre as duas parcialidades, a reinicola e a nacional, sendo cada graga do Rei commentada, discutida e quasi invariavel- mtnte ir.al interpretada ? Tao aberta e violentamente se o fazia-que, por occasiao das festas da exaltagao de Dom Joao VI ao throno, escreveria o consul-encarregado de negocios de Franga, coronel Maler: Apezar de todas as liberalidaues de S. M. o numero dos descontentes e quei- xosos e muito avultado, tendo durante a noite sido affixa- dos pasquins muito virulentos as portas da gente de posi- gao e de alguns estabelecimentos publicos, ridicularizando em versos latinos e portuguezes a escolha das pessoas favo- recidas. E de presumir o descontentamento sera mais vivo ainda em Lisboa, porquanto o exercito e este Reino teem sido bem impoliticamente esquecidos ate agora na distribui- cao das honrarias e das recompensas, e os Portuguezes nao saberao, nem poderao ver a sangue frio que elles nao sao sequer considerados como os irmaos cadetes dos Brazileiros, ou dos seus irmaos que habitam este hemispheric" ( i ) .

O descontentamento seria em qualquer hypothese iden- tico porque repousava sobre uma antinomia irreconciliavel e fundamental, nao passando de um pretexto o ser o monar- cha menos prodigo de merces para com o velho Reino n uma dada occasiao, ou mesmo o parecer dar preferencia ao Brazil em qualquer partilha. A distribuigao sem medida das hon rarias foi alias precisamente um dos modos mais efficazes pelos quaes Dom Joao involuntariamente democratizou ou talvez melhor desprestigiou e enfraqueceu a realeza, franqueando este manancial e deixando-o perder-se, n uma

��(1) Officio de 20 de B evereiro de 1818, no Arch, do Minist. doe Neg. Estr. de Franc?a.

D. j. 5

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