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742 DOM JOAO VI NO BRAZIL

N ella se queixava o Infante hespanhol, com a violen- cia propria do seu temperamento e da sua falta de educagao, ao Presidente do Erario, marquez de Aguiar, do atrazo nos pagamentos da repartigao da marinha, unica que parecia estar fora da geral distribuigao de favores e gragas. Chegava a de- verem-se as ferias dos operarios - systema com que se Ihe afigurava impossivel conservar os bons artistas de constru- cgoes navaes.

Adduzia Dom Pedro Carlos a proposito consideragoes meio descabelladas, mas cheias de razao, sobre o papel e importancia da marinha que salvara a monarchia, ligava suas partes integrantes, protegia sua defeza, amparava o commercio e fazia conseguintemente viver o Estado. No emtanto era de tal ordem a condigao das cousas navaes que, ten do partido a concertar na Inglaterra, logo apoz a che- gada da familia real ao Rio de Janeiro, urna nau, uma fragata e um brigue, a nau perdeu-se em Cadiz, a fragata deu a costa em Cabo Verde, e o brigue, com a primeira tem- pestade que apanhou, deitou a artilheria ao mar porque Ihe tinham mettido a bordo pegas de calibre mais pesado do que o devido.

D outra feita, mandaram do Rio uma nau a Bahia e Pernambuco buscar o dinheiro recolhido nos seus cofres, verificando-se, no regresso, que a despeza da viagem fora superior " as sommas transportadas. Os nauf ragios e perdas por capturas occorriam tao frequentemente que Hippolyto escrevia em 1810: "brevemente nos pouparao o trabalho de noticiar mais percas desta natureza porque ja nao havera esquadra em que fallar". Continuou, porem, tanta a desidia

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