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DOM JOAO VI NO BUAZ1L 757

De facto em 1821, quando a corte regressou para Portugal, retiraram-se inopinadamente, sem a menor pre- cauc/io, importantes sommas depositadas e ate diamantes da coroa que serviam de caugao a emprestimos realizados, o que, junto com os infalliveis desfalques e a corrida dos depositantes que abandonavam a terra e dos que, a vista do agio da prata, queriam trocar as notas por metal, fez es- tremecer o Banco nos seus proprios alicerces.

Pelas criticas constantes de Hippolyto sabe-se que a legagao em Londres funccionava como a verdadeira agenci-a financial do governo do Rio ( I ) , constando d outra banda, pela correspondencia de Funchal, que o Erario sacava a cada memento sobre a legacao, sem saber si ahi existiam ou nao sobras dos fundos realizados com a venda dos bens de mono- polio da coroa.


A corte, com o seu mechanismo obsoleto de producgao de riqueza e o seu apparelho de suc^ao da energia nacional em beneficio das classes privilegiadas, era na verdade o cancro roe dor da vitalidade economica do paiz. Ella patro- cinava os abusos ou pelo menos, como escrevia um viajante da epocha, extendia sobre o que se passava um veo tao es- pesso e impenetravel que a voz popular tendia naturalmente a exaggerar esses abusos, que eram reaes.

Assim a corte acudia aos seus dependentes immediatos nao so com mezadas e cargos rendosos, mas ate com ragoes diarias de viveres, as quaes nao eram desdenhadas mesmo por pessoas bastante ricas. As despezas da ucharia de Dom

��(1) Fxmchal entendia convir uma aidministragao dos contractos reaes puramente portugueza. que o Correio Brazillcn-tsc dizia ironica- raente andar por isso era maos de negaciant cs e judeus arnigos e co- nhecidos do embaixador, em vez de ser confiada C\ n>i>i < st ntaQao do Banco do Brazil.

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