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854 DOM JOAO VI NO BRAZIL

El-Rei - - Escrevei a respeito ao meu Ministro.

Eu - - Nada tenho que Ihe escrever sobre o assumpto, e e sem commentarlo algum que Ihe restituo sua nota para nao imital-o De resto ella nao seria digna de ser posta entre as maos de um soberano : quando muito pode ser deposta a seiis pes. (Ao dizer isto, effectivamente depuz o envolucro aos pes do Rei, e prosegui). Ella ahi permanecera ate que eu tenha a honra de despedir-me de Vossa Magestade. Ouso, ao mesmo tempo, affirmar-vos, Senhor, que e com verda- deiro desgosto que me vejo forgado a implorar de Vossa Magestade satisfacgao contra o seu Ministro, pois que injuria tal nao a poderia mesmo tragar um gentilhomem russo, com maioria de razao um Ministro.

El-Rei sorria e repetia : hem ! hem !

Eu - - E com tanto mais dor que me acho reduzido a semelhante extremidade, quanto nao me seria licito desempe- nhar o encargo ulterior de apresentar outra credencial senao depois de Vossa Magestade me haver concedido a justa repa- racao que Ihe peco.

Passo aqui sob silencio duas ou trez referencias que se intercalaram de modo imprevisto no thema capital da con- versa: a questao de um tratado de commercio para substituir o caduco, ao que respond! negativamente; a gravidez da Rainha da Hespanha e a continuagao da sua epilepsia, pelo que exprimi esperanga de que talvez o parto de Sua Mages tade fizesse cessar a epilepsia (haut-mal) ; finalmente a bel- leza da Infanta menor, sobre que me havendo interpellado o Rei entendi dever responder-lhe que a Infanta era mais um anjo que uma mortal, etc., etc.

Fallando de sua filha a Rainha da Hespanha, disse-me El-Rei que esperava uma Princeza da Europa, mas receiava

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