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902 DOM JOAO VI NO BRAZIL

elogios historicos e oragoes funebres, e do poema Assump^ao da Virgem de frei Francisco de Sao Carlos (1819), mixto de religiosidade e pompa rhetorica promissivo do palavroso romantismo christao: roteiros como o de Silva Belfort, do Maranhao ao Rio (1810), e o de Oliveira Bastes, de Santa Maria de Belem pelo rio Tocantins (1811); os escriptos profissionaes de Vicente Navarro de Andrade (i) e Correia Picango (2); a traduce. ao da Algebra de Lacroix (1812);

��(1) Piano de oi-f/tfiiizafdo cle uma escola medico-cirurgica (1812).

(2) Ensaios so~bre os perigos das sepulturas dentro das cida- r/V.s- r /(o.s .ST//.S- contonios (.1X12). Nao obstante esta publicacao de uma am-toridade scientifica da corte e em posicjio official, os en- tcrros nas egrejas continuaram ate 1830, quando foi formalmente prohibido inhumar a nao ser nos cemiterios, que no emtanto nao foram abertos a grandes distancias da cidade. No tempo de Dom Joao VI havia ja cemiterio mas para os pobres e os negros, cujos corpos eram levados aos dous e trez n uma rede e sepultados de mis- tura, alternanao-se na pilha pes e cabega. Os corpos dos ricos eram carregados as pressas, sem grande respeito, para as egrejas, e sa- cudidos com cal viva nas covas das naves, socando-se por cima a terra com macetes (Luccok, o&. cit. ) Ao cabo de urn anno exhuma- vam-se, para abrir nas sepulturas vagas a que nao faltavam candi dates, os ossos dos enterrados, que se conservavam amontoados n um deposito ou pateo da egreja. Dcpois de 1816 generalizou-se muito o costume de construir o que se cbamou catacumbas e eram galerias abertas contiguas aos templos, a exemplo das que entao existiam no Carmo e Sao Francisco de Paula, exclusivas dos irmaos. Igual- mente era ahi costume tirar no i im do anno a ossada do seu buraco ou oco murado de tijolo e cal, passando para outra dependencia sagrada dentro de uma urna. A ostentagao invadiu este terreno da morte como invadira os da vida, subindo as urnas de modestas a sumptuosas e exhibindo na sua piedade pelo morto a abastanc,a da familia.

Os enterros realizavarn-se sempre ao lusco-fusco, sendo o corpo transportado n uma padiola forrada de velludo preto reca- mado de renda de ouro. O cadaver ia descoberto ; diz Debret que com a cara pintada, o cabello ernpoado e a testa ornada de flores ou cinta por uma coroa de metal, o que nem ajudava a emogao nem a deferencia, emprestando ao acto ares de carnaval.

A estada da corte, com suas conliecidas consequencias de desenvolvimento mental, fez melhorar muito isto como tudo mais, passando a haver, segundo o mesmo Del)ret, testemunba presen- cial da transformagao, melhor arranjo nos cemiterios, maior decen- cia nos acompanhamentos funebres e respeito mais accentuado pelos mortos o sous lugares de repouso. Ainda assim, Henderson nas suas impressoes mostrou-se muito escandalizado por ter ouvido proferir, ou constar-lhe que foram proferidas palavras obscenas n uma ceri- monia funebre, pelo pai da moc,a que se baixava & sepultura.

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