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932 DOM JOAO VI NO BRAZIL

a este nao faltava intelligencia nem sobretudo um grande conhecimento de minucias administrativas, ponderava Maler que em desprendimento e patriotismo era o novo ministro assistente ao despacho digno de succeder ao virtuoso Aguiar.

Era na verdade Thomaz Antonio honesto ate a alma, complacente para com seu Senhor, resingueiro com os am- biciosos, confiado as vezes em excesso com os aduladores, cheio de gravidade e de formalismos. Dir-se-hia a imagem do velho Portugal, de calgoes, capote e chapeo redondo, recuando diante do novo Brazil que avanqava de botas de montaria e chicote, encarnado, com os defeitos da juvenili- dade, no Principe exhuberante de vida como a mai e como ella malcriado - - um ill-educated and boisterous young man na phrase de Luccock.

A influencia do digno magistrado sobre o soberano e portanto indirectamente sobre a marcha da administrate foi, quanto Ih o permittia o ciume governativo de Dom Joao VI, avultada e pode em summa dizer-se que benefica porquanto, si se nao distinguia por uma ampla visao politica, recommendava-se Thomaz Antonio pelo seu raro escrupulo. Em Portugal, quando deputado a Junta do Commercio, fa- zia todo o trabalho official para o conde de Villa Verde, que nao passava de um lazzarone obeso e comilao, e desem- penhara com efficiencia o cargo de fiscal do Real Erario, conseguindo avolumar a arrecada^ao da receita e diminuir a despeza, o que e um resultado colossal n um paiz de invete- rados abuses e inveterados desperdicios.

No Brazil aonde acompanhou a corte, cuja traslada- gao fortemente aconselhara, foi nomeado chanceller-mor do Estado e tornou-se, cada dia mais ostensivamente, o conse- theiro privado de Dom Joao VI, constituindo elle sosinho o

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