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948 DOM JOAO VI NO BRAZIL

em Pariz a recebera devia forgosamente pertencer ao grupo de Portuguezes ahi residentes, em contacto com os elemen- tos jacobinos francezes e em correspondencia com os liberaes hespanhoes, que tao activa parte tomou no prepare da revo- lugao constitucional do Porto, e depois de Lisboa, que assi- gnalou o anno de 1820.

O afan de Marialva em perseguir os delinquentes, assim patenteando sua devogao a dynastia, devia ser tanto maior quanto sua allianga com a casa de Cadaval era de familia e interesses, e por inotivo d ella o tin-ham ate querido tornar de novo suspeito aos olhos de Dom Joao VI, esquecido ja de passadas tibiezas. Com effeito uma das trez irmas do marquez estribeiro-mor desposara, muito nova, o velho du- que de Lafoes, cuja casa, ao extinguir-se por falta de suc- cessao masculina immediata, se vinculara por matrimonio na de Cadaval.

De 1815 a 1820 discutio-se constante e acaloradamente em Portugal a volta da familia real para a velha sede da monarchia. A partida de Dom Joao VI para Portugal seria no emtanto o signal certo da separagao imminente, assim como a revoluc/io pernainbucana de 1817 fora o symptoma inilludi- vel da fermentagao geral dos espiritos. Ninguern previo me- Ihor esta scisao e tao bem definio os acontecimentos como o abbade de Pradt, ao escrever sobre a mudanga da corte : ( i ) "Formaram-se immediatamente duas novas combinacoes en- tre Portugal, reduzido agora a colonia, e o Brazil vindo ;i ser metropole; entre o Brazil aspirando a conservar o Rei, e Portugal de sua parte aspirando a recuperal-o; entre o Brazil vivificado e enriquecido pela presenga do Soberano,

��() Les trots dcrniers wois de I Ami riqiie Mcridionalc et du Bresil. Paris, 1817.

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