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096 DOM JOAO VI NO BRAZIL

vida corteza, popular, militar e ate mercantil da cidade. Ahi vemos que se realizavam as augustas cerimonias da realeza; ahi se davam largas os jubilos da plebe emquanto nao che- gavam seus desvarios; por ahi desfilavam ao som das bandas marciaes os regimentos que iam ou vinham -da campanha do Sul; ahi se reuniam a hora da fresca os mercadores tempe- rantes, sorvendo a largos tragos os moringues de agua fresca, e se congregavam em turbulenta agglomeracao as tripola- goes ebrias dos navios surtos no porto.

O Palacio com suas dependencias dominava o espagoso quadrilatero. Nas janellas de sacada do edificio principal costumavam apparecer figuras aristocraticas quando n elle assistia a familia real, assim como do segundo andar do con- vento annexado (onde hoje funcciona o Institute Historico) se viam espreitar o movimento da praca os officiaes da corte que alii tinham seus aposentos. No andar terreo e nos pateos, onde ficavam as cozinhas e a ucharia, era um fervilhar de criadagem.

As cavallarigas tinham ido para o largo do Moura e as cocheiras para a praia de D. Manoel, de sorte que nas imme- diagoes da mansao colonial se tinha formado um acampamento completo em que se agitava uma verdadeira populagao pala- ciana, desde os fidalgos altaneiros de Lisboa ate a arraia miuda dos servigaes brancos, negros e mestigos: tao- nume- rosos apezar das reducgSes que soffreu o seu exercito, tao pouco disciplinados e tao velhacos que um dia, ao que refere a chronica epistolar de Marrocos, (i) foi preciso metter na cadeia toda a cambada dos empregados na cozinha e copa de Dona Carlota, "por haverem gramanteado a Merenda

��(1) Carta ao Pai de 29 de Abril de 1815.

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