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DOM JOAO VI NO BRAZIL 1001

de Macau. Nao medraram todavia: voltaram uns para a ci- dade a venderem foguinhos e outros artigos da sua producgao exotica, e desappareceram outros, ou porque tivessem morrido de pura nostalgia, ou porque se internassem a esmo, rondando muitos dessatisfeitos a aventura. Poucos foram os que fica- ram na fazenda, sem alips se importarem de forma apre- ciavel quer com a agricultura, quer com a horticultura.

Tal foi o aspecto material da realeza brazileira. Pelo que toca ao moral, facil e imaginar o torn predominante na corte do Rio de Janeiro, nos tempos do Reino Unido, para quern conserva presente na memoria ou conhece de tradiqao a feic,ao geral da fidalguia portugueza antes que o cosmopo- litismo e a educa^ao correlativa, transformando a apparencia do paiz, a fossem tambem muito recentemente transfor mando.

D essa nobreza caracteristicamente nacional, inculta, il- letrada, toureira, fadista, dissipada, arruaceira, foram Dom Pedro, ate a lucta e o infortunio o depurarem, e Dom Mi guel, ate o exilio e a pobreza o ennobrecerem, dous repre- sentantes genuinos e completes. Nao desmentiam, um e ou- tro, nem a filiagao materria, nem o meio aristocratico a que pertenciam, na pouca elevagao das inclinagoes, na grosseria das maneiras, na curteza das vistas, na sensualidade dos ap petites, na animalidade dos gostos.

Conta Henderson que, tendo alcangado um dia em sen passeio as terras de Sao Christovao, deparou com o Principe Real amansando com um enorme chicote, que fazia estalar com o frenesi d um postilhao, animaes de tiro para as cocheiras do palacio, ja tendo n aquella manha esfalfado quatro parelhas. Nao longe o Infante, de botas altas, cha- peo armado e placa ao peito, munldo dr um longo aguilhao

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