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DOM JOAO VI NO BRAZIL 1031

cruz, mas nao se resolveu a regressar, que era o que em Portugal se esperava resultasse da nova viagem do marechal ao Rio. O Rei hesitava, usava de subterfugios e ensaiava uma diversao- "tres possible d apres le caractere de Sa Ma- jeste," commentava Maler para Pariz ao objecto da missao accordada com a Regencia, incumbindo provisoriamente o enviado de inspeccionar e reorganizar o exercito brazileiro, e os estabelecimentos militares taes como hospitaes e armazens.

Para Portugal mandava-se entretanto algum dinheiro, afim de se ir saldando os atrazados do exercito portuguez, e cogitava-se de uma carta regia abrindo no Brazil mais facil e vantajoso mercado aos productos agricolas e industriaes de Portugal com isentar-lhe de toda taxa as fazendas de propria manufactura e sobrecarregar de imposto os vinhos estrangeiros. ( I )

A situa^ao tornara-se, porem, grave. A revolugao de Cadiz propagara-se moralmente; a agitagao nas provincias era ainda maior do que em Lisboa; a solucao Cadaval apre- sentava-se francamente, nao parecendo repugnar a duqueza mai o papel de Luiza de Guzman, e da Hespanha mais e mais se ati^ava, por meios ostensivos e secretos, a rebelliao, constitucional muito embora, porque ella propria continuara sen do uma monarchia posto que ultra-liberal.

Beresford - - elle mesmo o declarou a Maler (2) - viera lealmente prevenir Dom Joao VI de tudo isso e por deibaixo dos seus olhos o quadro exacto dos soffrimentos e queixumes portuguezes, no intuito de que o Rei Ihes valesse, comecando por livrar da decadencia e do abandono a lavoura o commercio do velho Reino. Si ao monarcha contrariava

��(1) Officio de Maler de 20 de Junho de 1820.

(2) Officio de 30 de Julho de 1820.

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