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DOM JOAO VI NO BRAZIL 1113

pois Portuguezes e Brazileiros contavam tirar proveito da mesma, o pensamento que prevaleceu no primeiro momento entre os nacionaes, foi o de pezar pela perda de um Rei que todos se tinham acostumado a querer mais ainda do que a respeitar. Choveram requerimentos, do commercio, do clero, de proprietaries, de empregados publicos, impl orando a per- manencia de Dom Joao VI que os escutava commovido, tre- mulo o grosso labio e as lagrimas a correrem-liie pelas gordas bochechas, sem ousar comtudo pronunciar um fico.

Havia com certeza preoccupagoes egoistas n essas suppli- cas, mas a parte natural e imlpulsiva, de puro sentimento, era incontestavelmente superior. O egoismo alias se explicava. Compre heode-se que na attitude de fidelidade ao velho Rei entrasse, por parte do elemento brazileiro, mais numeroso mas menos forte que o europeu, um certo instincto de defeza, uma impressao inconsciente, ou mesmo consciente em alguns, da mutua confianga e apoio que se podiam prestar, porquanto o anno de 1821, depois de 26 de Fevereiro, foi o anno typico da oppressao portugueza n um supremo esforgo de conser- vagao.

Todo o rancor accumulado na alma do velho Reino durante o tempo da residencia brazileira -da corte e causado pela affeigao regia a colonia deixada quasi Imperio, espirrou entao pela valvula offerecida na antiga metropole aos des- abafos oratorios. No novo Reino, a tropa de linha, cuja offi- cialidade- e cuja fileira eram em grande parte portuguezas, estava senhora das posigoes e, conforme acontece sempre nas revolugoes, os peores elementos tinham vindo a tona e nada obstruia o livre curso dos resentimentos.

As Cortes tinham-se reunido em Lisboa com o visivel, declarado intento de recolonizar o Brazil, e tanto bastava

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