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DOM JOAO VI NO BRAZIL 1135

da maneira que era dado prever nas condigoes em que se fazia a consulta, annexando sua terra ao Brazil, como Pro- vincia Cisplatina.

Tanto tivera de alegre a chegada, como teve de so- turna a partida de Dom Joao VI. Com o monarcha foram-se n uma ultima peregrinagao oceanica dous dos mortos da fami- lia, a Rainha D. Maria I e o Infante de Hespanha Dom Pedro Carlos, transport-ados na ante-vespera, a noite, dos seus tumulos no Convento da Ajuda e no Convento de Santo Antonio para bordo da fragata armada em capella ardente, n um duplo e apparatoso prestito funebre que foi o ultimo cortejo do Reino americano e no qual figuravam o Rei, a filha viuva e o netinho orphao.

Em 1808, por occasiao do desembarque, Dom Joao estava jubiloso e Dona Carlota Joaquina desesperada. Agora dava-se o opposto, como era de regra nas suas relacoes conjugaes: pensar e agir um sempre em discordancia do outro. O Rei partia vergado a affliccao. Nao acreditava muito na efficacia da sua presenga em Portugal para abrandar a revolugao e restabelecer a auctoridade do throno, a ordem e a confianga abaladas. Pairavam sobre o seu espirito timorato e bom o receio dos acontecimentos previstos e imprevistos nas duas partes do mundo, trazidos pela S eparagao fatal do Brazil e pela degeneragao do movimento constitucional em frenesi jacobino, e o receio da vindicta popular, exercendo-se crua- mente nao tanto sobre elle como sobre os seus protegi dos e validos.

A Rainha ia pelo contrario delirante: n esse momento toda ella era amores pela Constituigao. Ao passo que o ma- rido, a cautela, embarcava ao lusco-fusco la longe, em Sao Christovao, para ir tomar a dianteira da frota que de torna

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