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DOM JOAO VI NO BRAZIL 6G3

Em Portugal o pagamento nao era melhor nem muito maior a inclinagao pelo servigo, sendo forgado o recruta- mento, mas ainda assim apparecfa menor a mingua de gente, posto que fosse tao grande a miseria naval alii que, segundo as informagoes mandadas por Lesseps (i), um corsario de Artigas, mais precisamente um corsario americano com pa- vilhao oriental, armado de 24 canhoes e tripolado por 200 homens, fundeara durante dias consecutivos na barra de Lis boa quasi sob o fogo do forte de Sao Juliao da Barra, ao passo que outro cruzava ao largo e trez mais estacionavam no cabo de Sao Vicente, entregando-se todos a commoda e lucrativa pilhagem dos navios que iam do Brazil.

Maler duvidava comtudo da sinceridade dos esforgos bellicos da corte do Rio no sentido da defeza contra um ataque hespanhol. Tudo quanto ate aqui se fez, escrevia elle ao marquez Dessolles (2), so pode ser considerado como uma apparencia de querer fazer alguma cousa, e eu, em- quanto nao vir armar os navios todos e construir barcas ca- nhoneiras, persisto em pensar que o governo brazileiro julga impossivel a chegada a estas paragens da expedigao de Cadiz. "

A irresolugao tinha de facto mais poder do que o re- ceio, mas n este caso a razao principal residia em que na pro- pria Hespanha os armamentos de Cadiz ja quasi tinham dei- xado de interessar a opiniao. Por isso mesmo mais curioso e de observar que de repente entraram elles a inspirar novos temores no Brazil e no Rio da Prata. Em Outubro de 1819 confessava Dom Joao VI acreditar na vinda proxima da ex- pedigao, generalizando-se sua inquietagao ao ponto de Maler

��(1) Officio cifrado de 3 de .Fevereiro de 1819.

(2) Officio de 25 de Julho de 1819.

D, J, 42

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